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Boas notícias no tratamento atual do AVC

IDEIAS | Neurocirurgião – Dr. Anderson Magalhães Pinto CRM GO – 10624 B

Ultimamente estamos acompanhando uma mudança no perfil de causas de óbito em nosso país. Ainda somos dominados pelas causas externas, não naturais (afogamentos, quedas acidentais, acidentes de trânsito, homicídios, suicídios), que desde meados dos anos 80 passaram os óbitos por doenças, porém, quando olhamos para as causas de óbito secundárias, as doenças degenerativas, mudamos o perfil em nosso país.

Comparando com dados obtidos pelo IBGE desde 1940 e utilizando dados do IBGE de 2016 houve uma redução da mortalidade infantil de 146,6 (por mil nascidos vivos) para 13,3 (por mil) e um aumento de expectativa de vida de 45 para 75,8 anos de idade. O maior período de redução ocorreu entre 1940 e 1960. Esse aumento na expectativa de vida e na sobrevivência infantil levou ao envelhecimento da população e consequentemente a um aumento gradual na contribuição das doenças degenerativas para mortalidade. Dentre as doenças degenerativas tivemos as causas cardiovasculares e cerebrovasculares.

A primeira posição, antes dominada absolutamente pela doenças cardiovasculares, atualmente vem sendo constantemente ocupada pelas doenças cerebrovasculares. Em 2013, Segundo o IBGE foram 100 mil mortes por doenças cerebrovasculares e 85,9 mil por doença cardiovascular. São aproximadamente 234 mortes por dia por doença cerebrovascular. Dentro das doenças cerebrovasculares, em torno de 85% são AVCs isquêmicos, que ocorrem por obstrução arterial, secundário a um êmbolo cardiaco ou secundário a trombose de artéria carótida intra ou extracraniana. Os outros 15% são por AVCs hemorrágicos cujo tratamento necessita de avaliação de um neurocirurgião especializado para definir a necessidade de evacuação cirúrgica do hematoma. Com relação aos 85% isquêmicos, o que havia de mais moderno até o momento era a trombólise venosa medicamentosa que apresentava uma grande taxa de sucesso nos pacientes que poderiam ser submetidos ao tratamento. A grande limitação é a enorme lista de critérios de exclusão para o tratamento e também o fato de que o mesmo deve ser iniciado nas primeiras quatro horas e meia após o inicio do AVC. Em nossos serviços públicos e particulares temos dificuldade de conseguir cumprir todos os critérios de exclusão para o tratamento dentro deste período de tempo.

Ano passado houve a apresentação de um ensaio clinico de trombectomia mecânica, que realiza a retirada dos coágulos com o uso de um microcateter que é levado até o cérebro usando as artérias do corpo e guiados por um aparelho de cateterismo. Com a trombectomia mecânica, o procedimento pode ser realizado até 24h após o início dos sintomas do AVCi (AVC isquêmico). Nesse trabalho clínico de nome Dawn, realizado em Atlanta, nos EUA, os pacientes submetidos ao tratamento endovascular de trombectomia mecânica apresentaram uma melhora significativa se comparado ao grupo que utilizava o tratamento clínico padrão.

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